Reproduzo aqui com fonte um importante questionamento neste período de trevas que se avizinha.
Claro está que, este espaço é democrático, logo contestações serão bem vindas, desde que partam de pessoas que realmente estejam engajadas no assunto, afinal de paraquedistas o Brasil está repleto!
A energia
eólica sob questionamento
Publicado em
06/05/2011 - 10:07 por Roberto Maciel
Artigo do
biólogo Marcelo Oliveira Teles de Menezes, que é também mestre em
Desenvolvimento e Meio Ambiente do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia (IFCE/Campus Sobral), publicado hoje no Portal do Semiárido.
O título é
Energia Eólica: lobo travestido de cordeiro?
Após o
“descobrimento” do aquecimento global, o meio ambiente têm ocupado crescente
espaço em nossas vidas. Isso levou muitos termos da ecologia e das ciências
ambientais a serem utilizados de forma indiscriminada pela mídia, políticos e
empresários. Exemplos clássicos são exatamente as expressões “energias limpas”
e “energias renováveis”, considerados por muitas pessoas como sinônimos.
O primeiro
diz respeito a fontes energéticas que produzem pouco ou nenhum poluente durante
seu processo de geração. O segundo leva em conta apenas a disponibilidade ou
taxa de renovação da fonte energética (se compatível ou não com a escala
temporal humana). Frequentemente as pessoas associam esses dois conceitos
acreditando que energias renováveis são limpas e vice-versa.
No entanto,
podemos pagar um preço caro por essa questão aparentemente insignificante, pois
energias renováveis não são necessariamente limpas (apesar de a recíproca
geralmente ser verdadeira). Um grande exemplo é a energia eólica, que é vista
como uma das energias salvadoras do planeta, mas em uma análise detalhada pode
se revelar como grande vilã para o aquecimento global.
Essa forma
de geração de energia se encontra em franco processo de expansão em todo o
mundo. No Ceará, até faz parte da política energética do Governo do Estado. No
entanto, existem sutis detalhes de sua logística que, na opinião de alguns
cientistas, como James Lovelock, colocam em xeque sua real contribuição para o
enfrentamento do aquecimento global.
Primeiramente,
o funcionamento das turbinas depende da força do vento. Quando o vento é fraco,
elas não funcionam em plena potência, e quando ele não é suficiente para rodar
as hélices, não há produção de energia. No litoral do nordeste, uma das regiões
de maior potencial eólico, as turbinas funcionam em plena capacidade em não
mais que 60% do tempo (a média mundial é de 30%). Isso significa que, no resto
do tempo, para manter o abastecimento de energia constante que precisamos, são
necessárias fontes suplementares tradicionais de energia (combustíveis fósseis
e hidrelétricas).
O outro
detalhe diz respeito à eficiência financeira e espacial (área utilizada) para
geração de energia. Apesar de possuir tarifas energéticas equivalentes a outras
fontes de energia (devido a subsídios governamentais), os custos para geração
da energia eólica podem ser até três vezes maiores que a energia nuclear. Em
termos espaciais a energia eólica é uma das formas de geração de energia que
requer maior extensão territorial. A geração de 1 Gigawatt de energia elétrica
a partir do gás natural requer 5 hectares; a partir de energia nuclear, cerca
de 10 hectares. Segundo dados da ANEEL, no Brasil, para gerar a mesma
quantidade de energia, um parque eólico precisa de 80 a 4.000 hectares.
A não ser
que o parque eólico seja instalado no mar ou em um deserto, provocará o
desmatamento (e respectivas emissões) de uma área que poderia estar
contribuindo para a captura de carbono. Além disso, a demanda por extensas
áreas gera conflitos territoriais. No caso específico do Ceará, a instalação de
parques eólicos no litoral tem causado grande insatisfação entre comunidades de
pescadores e marisqueiros, que muitas vezes são impedidos de circular em suas
redondezas.
Não pretendo
que o leitor crie aversão à energia eólica, mas apenas que tenha consciência de
seus aspectos negativos (muitas vezes ignorados) e também os leve em conta para
se posicionar em relação ao tema. Nenhuma forma de geração de energia é
absolutamente limpa: certo grau de impacto ambiental é inevitável para qualquer
que seja a fonte.
A energia
eólica tem grande valor, mas não é a panaceia contra o aquecimento global, como
algumas pessoas colocam. Ela tem impactos negativos e sua instalação
indiscriminada em todo o mundo pode atrapalhar mais do que ajudar no
enfrentamento das mudanças climáticas globais. O aquecimento global ameaça
reduzir as áreas agricultáveis. Com essa ameaça temos que balancear nossas
fontes de energia do modo mais eficiente possível para conciliar a geração de
energia com outras necessidades.
Fonte:
http://blogs.diariodonordeste.com.br/roberto/ambiente/a-energia-eolica-sob-questionamento/
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